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quinta-feira, 8 de junho de 2023

Carta pra Ray

"E eu te digo outra vez,
tu tens pra mim o nome mais bonito,
a boca canta ao te chamar"

E assim, já no título, sorrio escrevendo e lendo teu nome. Sorrio com aquele sorriso bobo, "frouxo", que há um mês tenho distribuído involuntariamente a clientes, colegas de trabalho, marombeiros, passageiros de ônibus e motoristas de Uber.

Lembra do início? Ingênuos, tínhamos medo de o assunto não fluir, de fazermos perguntas robóticas e darmos respostas secas um ao outro, mas a gente se deu bem de cara, se sacou desde o primeiro toque, ainda na tela do celular, quando arrastamos pro lado e começamos nossa "não-entrevista de emprego".

Em poucos instantes estávamos no segundo app, aquele dito cujo que não gosto, mas que usei para poder te ouvir e te falar, te cantar. Onde você estava quando me ouviu cantando a "música de playboy" (rs) pela primeira vez? Bem de uma coisa sabemos: foi ali que aconteceu, nós sentimos naquele momento que não éramos comuns, meros conhecidos um do outro. Eu te entreguei minha alma em uma música e você me acolheu, me abraçou.

Conversamos sobre tantas coisas quanto crianças quando aprendem a falar e começam a verbalizar suas descobertas. Falamos do tempo, do trabalho, do treino, da família, do amor à vida. Ah, a vida... à vida que brindamos e dançamos. Passeamos em nossas rotinas com nossos infindáveis assuntos, como Celine e Jesse em Viena, mas ao longo de semanas, não de uma noite. E quanto mais tivemos, mais quisemos. É possível se apaixonar sem ter o "à primeira vista"? Parece óbvio que sim, agora.

Falando em "à primeira vista", foi lindo notar que "quando dei por mim estava aqui", nesse longe "aqui" que é Valença. Lá estava eu sentindo seu cheiro pela primeira vez e podendo te abraçar, parecia estar findando uma eternidade, que foi a espera por te ver. A barriga tremia, mas fingi costume (rs), não queria te assustar com meu nervosismo. Algumas conversas soltas e meio tensas depois, lá estávamos nós, o casal comprando sunga em Guaibim. Dali em diante entrei em um sonho do qual não mais saí (nem quero!). Fizemos passeio na beira da praia, mergulhamos na água gelada, namoramos onde o vento fazia a curva, ganhamos bebida, gargalhamos, nos excitamos com toques, olhares e beijos. Experimentamos nosso sexo e nosso dengo e eu descobri que sou apaixonado em te olhar nos olhos sem dizer uma palavra, apenas te desejando torridamente.

Na despedida, saudade. Eu, bichinho bobo, achava que minha regra de "não ter segunda vez" iria vingar. Faltou combinar com meu coração, terra de ninguém que floresceu desde que você pôs seus pés nela. A gente se conheceu outro dia e já sentimos uma carência de enfezar quando não estamos juntos, em contato constante e nós fazemos questão de estar sempre juntos. Te dou bom dia antes do copo d'água e teu boa noite é a última coisa que recebo antes dormir, assim garanto os melhores motivos para sorrir do início ao fim do dia.

Eu já te falei mil vezes e direi mais algumas milhares: você é linda, Ray, toda linda. Tanto que me faz querer um novo idioma, um novo vocabulário pra descrever o quanto eu te admiro e desejo. Eu achava que não dava pra ser mais feliz do que eu já era, mas dava sim. Sou muito mais feliz por te conhecer, por receber e te dar carinho. Te quero bem, muito bem. Que este bem querer, este nosso jeitinho tão leve e tenro, dure por muito tempo.

Com carinho,

Diego Tito.