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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Escolhas

Desejo demais. Foi diferente desde o primeiro encontro. O tempo parecia ter parado, os dois se olhando. Eles se conectaram em um olhar. Paixão? Amor? Não pode ser. Ela em início de namoro, ele conhecendo uma nova paixão. E eis que pareciam ter esquecido tudo, ali, naquele momento. Se admiraram em um indiscreto disfarce. Mas ele acordou.
Atordoado, ele foi embora. Sua "amada" o esperava. -Por quê? Se questionou. Queria entender a ironia do destino. Talvez tenham se conhecido tarde demais. Ela parecia não se importar e, surpreendentemente, avançou. Possuía uma atitude muito diferente da dele e não desistiria tão fácil. Ele titubeou, mas não caiu. Os olhos ardiam de desejo e o corpo dizia que sim, mas não foi essa a palavra que ele, timidamente, balbuciou: -Não. Nem ele acreditava no que dizia. De coração apertado, outra vez, renunciou pelo que não valia.
E assim, mais uma história que não começa.

Se souvenir de moi

Mesmo acompanhada,
trabalhando, estudando,
na rua ou em casa,
lembra de mim.

No calor do verão,
se banhando no mar,
em qualquer estação,
à luz do luar,
lembra de mim.

Lembra das risadas,
das minhas piadas mal contadas,
das histórias na madrugada.

Lembra do meu jeito sonhador,
dos meus poemas e versos,
do meu olhar sempre certo,
das minhas palavras de amor.

De mexer no teu cabelo sem cessar,
de percorrer a tua nuca,
até te deixar maluca,
até te fazer fraquejar.

Lembra que sou assim,
santo e louco,
que sou um inteiro e não um pouco,
mas, por favor, lembra de mim.

Mistério

O importante é que não seja dito, escrito
O mistério deve pairar no ar sempre
É
Assim deve ser

O mistério é mágico
O mistério nos faz sonhar
Nos faz pensar
em tudo de bom
que está escondido ali
Cega os olhos
e acalma o coração
sobre o que há de ruim

O mistério tem o dom de manter o encanto
E ele é tanto,
é quanto,
que deve ficar

Sim!
Deve estar aqui sempre
E que o mistério
esteja acompanhado da curiosidade e da dúvida
E que os três estejam com nós dois
Afinal, a nossa verdade é uma merda.

Titanic

Cair, se deixar derrubar, perder a guerra, entregar-se aos afagos condescendentes e aos olhares de pena. O fracasso é mesmo muito fácil. Sobram almas miseráveis querendo estar perto quando você está mal. Eles fazem questão de estar na primeira fileira, querem ver de camarote a sua desgraça, enquanto se empanturram de pipoca e refrigerante. É fácil achar um "ombro amigo", afinal, estão todos curiosos por saber como foi que você se fodeu.
A tentação da desistência tem sido grande. Meu maior inimigo continua à espera de uma oportunidade para me nocautear. Ele se aproveita do jogo sujo, da vida injusta, se utiliza de tolos que ainda ouço, faz de tudo um pouco. Inventa histórias, diz que as coisas não são simples, transforma um medo numa síndrome do pânico, uma meditação em uma conversa longa e esquizofrênica, cria autismos e baixo-estimas. Me encara todos os dias com aquele olhar de desprezo, como quem olha pra um completo lixo. Pior é que, às vezes, ele me convence. E aí fica fácil se encher de todo tipo de veneno alucinógeno. Faço festas intermináveis, bebo mais do que o velho "Lilico Trilhão", trepo até em banheiro de shopping. Uma a uma, vou experimentando as drogas da vida, tentando encontrar algo que possa me anestesiar. Tenho essa tendência à fuga, à esbórnia. Encarar os gigantes e dar a cara a tapa é muito difícil, parece doer mais.
Escrever já não faz tanto efeito. Vai ver é por isso que parei. Não acredito mais em poemas, naqueles versos falsos e repetidos. Prefiro as rimas do amigo Flip. Sujeito bom, muito inteligente, com uma energia positiva, capaz da façanha de me fazer dar verdadeiras gargalhadas. Queria um terço da coragem e confiança do Flip. Poderia, enfim, dizer foda-se pra trocentas pessoas, poderia abraçar o que amo e que realmente vale à pena, sem me importar com terceiros, apenas a primeira pessoa de qualquer verbo, me fazendo núcleo do sujeito de toda oração. Fato é que, agora, orações, sujeitos e predicados apontam os pecados cometidos dia após dia. Estou navegando no inseguro, pronto - ou não... - para o colapso com o gigante iceberg a se aproximar. E a pergunta é: que porra eu vou fazer quando afundar?

Mais uma carta pra ela

Faz um friozinho bom aqui. Olhando pras nuvens em seus imensos formatos e com uma generosa xícara de café, inicio mais um dia. Um lindo dia pra pensar em você, pra dizer tudo aquilo que anda escondido atrás do armário, aquilo que sinto desde que me lembro de existir. Eu sei, até outro dia não te conhecia, mas sabia que esse dia chegaria, pois você estava  sendo preparada e guardada pra mim. Eu já sentia teu perfume no meu travesseiro, já me encantava com teus olhos nos meus sonhos, cantarolava em perfeita harmonia com a tua voz.
Me diz, como faz pra ser tão doce, tão meiga? Como é que você faz pra ter todos os homens aos teus pés? Todos os homens barbados, formados, empresários, políticos, poetas, místicos, todos perdidos de amor, encantados com teu jeito. É que tu tens este poder, podes terminar uma guerra, desarmar os soldados e, num sorriso, fazer com que morram de amor. O mais poderoso, o mais bonito, o mais inteligente, são apenas garotos perto da mulher que és. Eu, que já sou um garoto, mesmo longe de ti, de perto sou invisível. Mas por mim tudo bem, não me importo de te amar calado, de te admirar em silêncio, te criando aqui, no meu quarto, nos meus cadernos, desenhando suas curvas, descrevendo teu corpo inteiro, teu jeito, contando aventuras e, me colocando em cada uma, como seu herói e grande amor. Dos romances, o nosso é o melhor, faz inveja a Shakespeare, a Nicholls e a qualquer um que se atreva a falar de uma história de amor. Onde tem você, tem a ternura mais doce, tem a paixão mais forte, o mistério mais intrigante, o drama mais sofrido e o amor mais bonito.
Nos meus livros, nos meus sonhos(ao menos neles) posso te ter. E hoje vivo sonhando à espera de sonhar acordado. Quem sabe amanhã eu viva o sonho de acordar ao teu lado?

"Não há acasos. O destino está escrito."

Não era uma tarde chuvosa de novembro, nem uma manhã fria de outono.
O sol já havia se posto e a lua estava nova.
Não estávamos em cima de uma ponte admirando um lago com peixinhos dourados. Nossos cachorros não correram um ao encontro do outro.
O cometa Halley já tinha passado há muito tempo. Nada de especial estava por vir.
Seu jornal não chegou, trazido pelo vento, ao banco em que estava sentada na praça. Meus livros não caíram para que você pudesse me ajudar a pegá-los.
Não estava próximo do fim do mundo ou coisa parecida.
Você não correu atrás do bandido que fugiu com a minha bolsa. Os alienígenas não vieram invadir a terra. Não ficamos presos em um elevador. Você não era o salva vidas da piscina que eu me afoguei. Não nos conhecemos em um encontro às escuras.
Não temos nem gostos tão parecidos assim.
Sua idade, signo, sua soberba... Nada disso fazia o meu tipo. Eu sempre tão razão. Você todo emoção.
Não parecia o começo daquelas novelas mexicanas que eu gostava tanto de assistir.
Estava longe de sermos um casal, uma dupla, um Luis Fernando e Maria do Bairro, um Aladin e Jasmine, Lampião e Maria Bonita, Eduardo e Mônica, José e Maria...
Nada que pudesse fazer brotar uma história de amor.  Nenhum sinal de nada. Não deveria acontecer nada. Não queria nada. Não havia nada. Mas não esperava que você fosse tudo. Tudo que eu preciso pra ser feliz!

Maria

Hoje à noite não tem luar

Amanhã é o grande dia. A novidade é absolutamente anônima, desconhecida e minha. É a tão sonhada oportunidade do recomeço, de fazer as coisas certas, e, enfim, chegar lá. Mas não é a reunião às 10:40 com jovens inexperientes e desinteressados que me ocupa agora, nem o lucro a ser obtido. Não estou pensando no papo agradável do carismático Gabriel ou na nova desculpa que vou dar à Larissa depois que não bater à sua porta. Na verdade, eu não consigo pensar em mais nada além da Manuela.
Era pra ser mais uma noite inteirinha com ela, uma puta prova de fogo. Sabe como é, ela tem aquele jeitão moleca, solta, abraçada com os mais intensos prazeres sexuais. É do tipo de mulher que, ao responder um questionário que perguntava "Estado?", ela respondia "excitada", de bate-pronto.  Santa Manu... Ela mexe comigo e sempre soube disso, então, me provocava. Foi o que ela fez desde que entrei na sala, atordoado, a procura do meu grupo de trabalho. Manu não me largou nem por um instante, mesmo eu fazendo de tudo para rejeitar sua presença e suas investidas. Desviei o olhar, mas não podia fugir dali, da presença dela. Era minha missão e fardo da noite: dividir cada metro quadrado daquele maldito espaço com ela. Joguei verdades e mentiras, fiz oração, contei carneirinhos, usei minhas armas e trabalhei com afinco na minha defesa. Problema é que ela conhecia cada passo que eu podia dar, sabia meus pontos fracos, cada um deles. Fui facilmente desarmado.
Em poucas horas já tínhamos feito de tudo: bebemos até cair, conhecemos gente nova, demos beijo triplo, salvamos uns gatinhos, pedimos carona na Joana Angélica, tentamos suicídio, fizemos juras de amor, sequestramos a nossa razão. Enfim em casa. Agora, estávamos nós dois, nus, trepando a céu aberto, enchendo os olhares dos curiosos de tesão e inveja. Percorri minha boca na nuca dela, beijei aqueles lindos e fartos seios,experimentei cada dose de prazer que dela podia gozar. Ela me mordia como que fazendo uma tatuagem, demarcando um território que sempre foi dela. Ela meneou com a cabeça enquanto se contorcia de prazer. Gozamos até o amanhecer. Amanheci com a minha linda Oyá, com a mãe do entardecer. Não pudemos passar desta manhã. E, logo cedo, numa manobra mística, ela se foi com o vento. Minha Manu, minha deusa Oyá, partiu como uma tempestade, destruindo a tudo que estava pelo caminho. Levou meu "eu te amo" para o abraço de outro. Me deixou só com meus lençóis, com aquele cheirinho de saudade, aquele resto de nós.

Onde estás?

Estou te procurando,
estou à sua caça,
já vi o mundo inteiro,
mas não vi tua doce graça.

Onde estás agora?
aonde foi você que me faz sonhar acordado?
que me inventa em amores
e me reinventa em dores,
por onde tens andado?

Sinto sua falta
me acostumei contigo aporrinhando meu sono,
interrompendo minhas noites,
se fazendo meu dono,
me castigando com um açoite,
castigando minha mente e alma,
matando a minha calma
pra que eu saia do conforto,
e me torne poeta de novo.

Não me deixe nessa solidão,
venha logo de manhã,
facilitar o que é afã,
volta pra mim, inspiração.

Carta para a Duna

     Me intrigam suas formas e facetas que se repetem, mas, ao mesmo tempo, se inovam. Não canso de admirar tamanha beleza. Apesar de ser tão simples e clara, consegue esconder mistérios e surpreender a todo momento. Tem um destino, mas é incerto. Faz a mesma coisa, mas, toda vez, é diferente. Escorre pelas minhas mãos e quando a sinto tão perto, ela se desfaz.
     Essa loucura me encanta. Sua serenidade, seu silêncio, me intrigam. A mais tensa calma que já vi, pois logo, tudo muda de novo e eu... bem, eu vou ao chão. Ao chão por querer mais, por me perder em você. Mas o faço sem arrependimento. Quero mergulhar no teu mar, navegar em teus rios, beber de ti. Tolo... era apenas uma ilusão. Como hei de achar algo em ti?
     Tu és macia e me afaga a pele. Suave, percorre em mim e se esvai. Ninguém pode te segurar. Você apenas segue e deixa o vento levar. Quem resolve habitar em ti, pode morrer de sede. Tem que ser esperto pra encontrar sua fonte; pode se perder no caminho, pois desconhece o quão infinita és; pode se ferir, se iludir com os mares e abraçar espinhos ou pode encontrar sua essência e deliciar-se na fonte. Para isso, tem que buscar a tempestade.
    É o que procuro. Quero descobrir a tempestade em ti. Sou incansável e tenho fé. Inabalável vontade de chegar, desviar dos espinhos sem se deixar iludir e, enfim, te encontrar.

Desbravador do meu mundo

Às vezes queria ser mais simples. Pensar em coisas simples, agir, falar de forma simples, até atingir um nível banal. Mas comigo é um pouco diferente. O simples é ressignificado, dissecado, transformado. E um simples assunto se transforma em ideias, histórias, memórias. E assim, sem querer, sou tomado por uma sensação estranha, um mistão de saudade do que passou e desejo de voltar pra reviver o que foi bom, como para aprender com o que foi ruim e se preparar para o que vem. Afinal, o que vem não é nada além do que já foi um dia. Ontem quis descrever esta sensação. Faltaram palavras. Hoje, com a ajuda do "Tio Google", cheguei mais perto.Eu sentia nostalgia.Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada, e às vezes irreal, por momentos vividos no passado associada com um desejo sentimental de regresso impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais. A palavra vem do grego νόστος (nóstos - "reencontro") e ἄλγος (álgos - "dor, sofrimento"). Achei massa o conceito do Wikipedia. Se é o real sentido da palavra eu não sei, mas, de certa forma, se adequa a mim e é o que importa agora. Estava me lembrando de tempos bons, quando eu tinha mais fé, quando eu tinha mais amor, quando eu fazia algo que não só por mim. Esse tempo se foi e levou parte do humano que havia em mim. Hoje olho no espelho e vejo um mundo doente. Mas estou anestesiado. A ferida latente não dói tanto quanto outrora. E então, uma profunda tristeza toma conta. Toma conta, porque eu faço parte disso, a morfina está em mim também. Todos os dias fecho os olhos para o desgraçado bem ao meu lado. Ele quer ser ouvido, ele quer me ouvir. Quer um abraço, um pão, um livro, quer vida. Não é difícil dar um pouco de vida a alguém. Então porque porra não damos?Lembro de 2009. Vejo um jovem sonhador levando um pouco de vida a Chã Preta, um lugarzinho no fim do mundo onde as pessoas penam pra sobreviver. Esse jovem vai, em cada casa de taipa, levar um pouco de vida, um pouco de esperança. E eis que, no meio de um chão desértico, batido e desgraçado pelo Sol iminente, este jovem encontra uma linda flor. Ele fotografa aquele ponto de esperança. Até hoje não sei como ela conseguiu nascer ali, mas essa esperança, foi o motivo do nascimento deste blog e por isso, escolhi aquela foto pra ser a capa do Mil Mudos. Hoje me pergunto: onde está aquele jovem? Tenho saudade dele. O que ele faria hoje? Tenho buscado alternativas para resgatar este menino. Ele tem algo a me ensinar. Algo que eu preciso reaprender pra não esquecer mais. Vou encontrá-lo de novo. Em qualquer esquina, a qualquer hora. Vou desbravá-lo em mim.

Carta pra Em

Meus óculos estão perdidos em algum lugar, a miopia e as lágrimas também não ajudam, as luzes estão apagadas, mas aqui estou eu, te escrevendo. Meio fora de hora, né? Talvez tarde demais, talvez nunca tivesse sido o momento certo, mas talvez é uma possibilidade de um monte de coisa e a coisa agora é falar de você, de mim, da gente. A culpa é toda minha, eu sei. Você sempre teve razão - a coisa toda tá sem sentido, mas já estou meio bêbado... travado, na verdade. -, e fez o melhor que podia se esperar de alguém, Em.
Posso te chamar de Em? Tudo bem pra você? É como eu tenho te visto nos últimos dias. Te ver nessa feérica história tem sido a única forma de conversar com você, de te ter por perto. Eu sei que não sou um "Dex", mas me esforço, finjo ser bom o suficiente pra merecer a sua companhia, ao menos ali. É que você é tão incrível... e, por favor, não pense ser isso um discurso condescendente. Você é mesmo incrível, minha Em! E não sou o único a pensar assim. Então aceite o fato, não retruque, você é a melhor e ponto. Dá vontade de te dizer isso toda hora, sabia? Pegar um gravador, fazer uma gravação dizendo o quão maravilhosa você é e te dar de presente. Assim você vai poder se lembrar sempre do valor que tem, vai perceber e cobrar o melhor pra si. E, bem... eu vim aqui te dizer que não acredito ser o melhor pra ti.
Lembra aquele texto que eu te mostrei falando de tudo que um homem precisa ter pra estar contigo? Lembra(diz que sim, por favor...)? Pois aquilo é o MÍNIMO que você merece, Em. Você é a melhor pessoa que eu conheci - lágrimas -,mas, sinceramente, não te mereço. Não tenho verdade, não tenho um terço do oceano de sentimentos que cabe em ti. Sou só um escritor fracassado, um poeta fajuto inventando histórias por aí e rimando mamão com melão..., sou um egoísta nato.
Às vezes - pra não dizer sempre - eu queria só te ouvir, saber de todas as suas histórias, pra quem são tantas indiretas no face e no twitter e o que elas querem dizer. Me vem aquela vontade de ouvir tudo d'uma vez: como foi seu colegial, qual o nome do seu primeiro amor, quem é aquele cara que você quase voltou a namorar(ainda bem que não fez essa besteira), qual seu lugar preferido na cama, número da sorte... tudo. Às vezes me vem essa vontade de passar aqueles dias de novo contigo, mas sem trabalho, sem faculdade, sem compromisso, pra eu olhar nos seus olhos com calma, me perder e me achar entre os teus cachos, sentir teu cheiro, me juntar ao teu abraço até não saber quem é você e quem sou eu. Foi lindo. Poderia ser lindo de novo. Mas, e amanhã, quando o despertador tocar e o ônibus partir de volta à Salvador?, quando você estiver encantada e eu perdido nesse inferno daqui? Não queria nem posso querer te ver sofrendo de saudade de mim como eu estou de você. Merda de distância...
Desculpa a bagunça, Em. Eu te adoro, mas não tenho aquele mínimo que você merece. Quem sabe daqui a 20 anos o destino da gente se cruze. Quem sabe "Um Dia", né?

"Somos ilusão no deserto"

O turbilhão foi se apagando, pouco a pouco desaparecendo. Uma estranha paz invadiu e o resultado: desastre. Um poeta vive do caos, de um insuportável inferno interior, um tsunami de palavras e ideias que assombram e berram aos ouvidos do consciente. Os gritos se seguem até que a agonia seja incontível. Aí o poeta sangra, deixa o suor escorrer, a lágrima jorrar. Então ele vomita a dor convertida em palavras ritmadas. E aquilo que o faz chorar, sofrer uma eternidade a cada segundo, se torna a mais bela e doce ilusão daqueles que não sabem sonhar. Sem esse caos, o poeta é mais um esquecido, é apenas mais um em busca do Santo Daime da vida, um projeto fracassado de um poema lido na taberna. O turbilhão precisava voltar...
Foi preciso ficar louco, basear-se num baseado pra achar sentido em conversar com Jah no outro lado, no outro plano. O poeta fez de tudo. Passeou em templos e terreiros, comeu da feijoada de Ogum, rezou ao "padi Cisso", sincretizou demônios e cristãos numa bíblia particular. Foram dias ingratos antes de ter a graça do sagrado encanto de uma mulher outra vez.
Que ela saiba a verdade desses anjos caídos. Há de saber que são intensos, apaixonados, entregues, são amantes da vida plena, amam como se o mundo fosse acabar no próximo minuto, e vai acabar. Há de saber que são santos e loucos, que abarcam a tudo, abraçam o mundo, que são inteiros de todos, mas são nada de si. Que ela saiba aceitar a realidade quando acordar. Há de saber que o poeta é o mais belo vazio que existe.

Adeus, mundo velho!

     Desculpa, não dá, não consigo mais. Não consigo mais você. Não quero. De verdade, não quero. Olho pra ti e não sinto nada. Nem amor, ódio, carinho, vontade, desejo, tesão. Não desespere, você não é a única. Olho pra ela e também não sinto nada. Sou um escroto de te dizer isso agora, mas era preciso. Eu estou vazio, não sinto mais nada por ninguém. É que tudo isso perdeu o encanto, perdeu a cor. As coisas parecem tão iguais, tão ridiculamente rotineiras, banais. Toda essa mesmice me dá náuseas, me dá urticárias. Nada nem ninguém me faz sentir outra coisa além dessa repulsa.

     Mas não se culpe. Sério, a culpa realmente não é sua. Sou eu que enjoei dessa vida, desse mundo. Os alucinógenos já não fazem mais efeito. Não consigo disfarçar o meu desinteresse, não consigo me estimular. E eu desaprendi a arte de ser Capitu, desaprendi a arte de ser Bentinho. Desaprendi  a ser falso, a atuar, a dissimular um pouco de vida. Também não sei mais o que é cobrar, ter ciúme, sentir falta, o que é querer.

Eu simplesmente não consigo me importar. Não ligo pra mais porra nenhuma. Não dou a mínima pro bêbado, pro mendigo, pro pobre, pro rico, pro soberbo, pro humilde, pro ladrão, pro assassino, pro político, pro trânsito e, acredite, não ligo pra você. Não mais. Caralho, nada mais me liga a isso aqui. E eu não sei como deixei isso acontecer, mas aconteceu... por isso estou indo embora. Se é pra uma melhor não importa, sou indiferente.

A caminho das estrelas - 1

Andei me jogando em braços quaisquer, falando besteiras, interpretando falsos papeis. Fingi ser Leonor, quis amar pela segunda vez, casei e descasei em menos de um mês, usei todo tipo de lixo para me livrar da realidade. Estou com você, te tenho presa ao meu calcanhar. Quem nos acorrentou, afinal? Precisamos nos livrar até o amanhecer.
Vou sair pelo mundo, divertindo gente, levando sorrisos e um pouco de paz. É estranho fazer esse tipo de coisa quando se é um oceano de caos. Mas eu me viro, ponho maquiagem nova, pó de arroz, sapatos tamanho 52, calças de bolinha e nariz de palhaço. Vou dando minhas piruetas, pagando um mico aqui e outro ali, sentindo ódio de cada um que ri da minha piada - ou seria do meu ridículo ser? -, soltando confetes aos ladrões. Me deixei ser roubado por diversas vezes, mas jamais levaram minha vida. Por algum motivo, ainda estou aqui. Ainda reclamo do trânsito pra me desculpar dos atrasos, ainda saio pra beber, transo pelo mais efêmero prazer, vou matando a sede de todo dia. Às vezes um pão, outras um cigarro. Sempre a carência, a necessidade de um carinho, de um interminável abraço.

Quem deixa ir tem pra sempre

Sabe lá de onde é que se tira forças... mas um rei, certa vez, me disse que eu devia ser forte. A realeza me explicou sobre as relações de poder e de puro interesse que envolvem qualquer ser humano. Ele detalhou as teorias das relatividades e das conspirações e me contou de Nuno, seu cachorro fiel. O rei me mostrou que o nascer do Sol não é pra todos, que a vida é injusta e usa de golpes baixos pra nos derrubar. Ele me ensinou que confiar é uma fraqueza e que, por isso, devia dar minha confiança pra poucos(ele só confiava em Nuno).
O rei me falou que liderava mais de 20 mil pessoas, que tomava decisões por elas. Cuidava dos exércitos, das plantações, da alimentação, lutava contra as pestes e ainda tentava crescer o reino, expandir os horizontes. Ele conhecia seu povo no olhar, suas histórias e necessidades, mas mesmo assim, não ligava pra nenhum deles, nem pro reino. Tudo que fazia era pelo melhor de si. Para o rei, egoísmo era uma qualidade da qual poucos sabiam desfrutar. O egoísmo é seu motor, de onde ele tirava força, de onde ele inventava força.

O rei era um louco, mas só os loucos sabem.

Tudo o que você quiser

Camisa de manga longa, jeans, tênis pomposos, meias grossas, algumas doses de licor e o calor de uma morena. É o clima de Junho tomando conta. Uso as minhas proteções, não estou acostumado ao frio de Ibicuí. Na verdade, pra um soteropolitano cabra da peste, qualquer temperatura abaixo dos 20°C é sempre um gelo, não importa se é em Vitória da Conquista, Gramado ou Sampa. E, putz, aqui faz um frio do cacete! As mãos tremem, a boca resseca, o corpo se retrai. Não há casaco ou chocolate quente que resolvam esse frio dos infernos (vai por mim, o inferno é gelado). A verdade é que, aqui, só tenho paz quando estou com Juliana, quando a tenho comigo dançando um xote na ponta dos pés. É que a minha Juba tem esse dom de me fazer suar, pegar fogo só no olhar. Com ela, esqueço o frio, meu corpo se torna pavio curto, meu coração explode em sorrisos, encanto e paixão.
Pena é que não posso ter a Ju agora. Pena é a distância, a saudade, é saber que não terei muito da minha linda nas noites frias de Junho. Estamos destinados ao desencontro, a navegar em outros barcos. Estamos passeando entre mentiras e verdades vazias de sentimento, percorrendo ruas distintas, tentando matar essa infinita carência de nós. -Outra dose de licor, por favor.-, quem sabe se embebedar, trepar no banco de trás, abraçar uma boneca inflável, qualquer coisa. É difícil, mas a gente vai tentando nossas morfinas, passando os dias do jeito que dá, e, Deus ajude que dê, que Julho chegue no próximo amanhecer. Que chegue pra festa voltar, pra guerra ter fim e a paz reinar, pro dia nascer feliz. Vou tentar me conter, disfarçar, pensar nos protestos contra a copa e nos gols do Neymar. Só que não pensar na Ju é quase impossível, sabe?, é que... eu não penso nela durante o dia, eu penso no dia durante ela. E eu trocaria tudo pra tê-la aqui e agora.

A gente chora sorrindo

Sou lentinho. Sempre fui assim. Rio de piadas antigas como se tivessem sido contadas agora. Leio um livro e, dias depois, entendo a mensagem do autor. Apenas comemoro um gol depois que o juiz e o bandeirinha correm para o centro do gramado. Choro por uma morte como um bebê chora por leite. Só que eu demoro a chorar. Custo à sorrir. Peno pra entender. Mas uma hora a ficha cai. Uma hora  o dia vem, o Sol brilha e ilumina as janelas do coração. Aí as coisas ficam claras. Sorrir ou chorar? Bater ou apanhar? Não importa. A claridade revela a verdade e faz sentir. O que se sente é o que importa. O resto é consequência, é ação, porque parado não se fica.
É hora de ir andando, de fazer algo a respeito. Não dá pra perder tempo. Cada minuto passado sem fazer nada é uma chance de virar o jogo que é jogada fora. Refazer o caminho, focar na linha de chegada e caminhar, mesmo que na ausência da estrada. É hora de recomeçar. Sem se jogar onde já caiu. Sem se prender ao passado, mas lembrando que ele é aprendizado. Sem temer o futuro, pois é só mistério. E, acima de tudo, curtindo a dádiva do agora. É por isso que se chama presente, afinal. E mantém o riso no rosto. Eu sei, as dores existem, mas as alegrias devem ser maiores e mais fortes. Sem muitos holofotes, abraço o sentimento e o sinto, mas sem fazer alarde.

Quem não tem marcas de um bicho-gente?

Mentir dói

Mas é que, às vezes, eu conto uma mentira pra mim até acreditar. Acontece que a mentira não cura a ferida, apenas põe uma maquiagem nela e eu não consigo mais ver a gangrena. Então começa a doer. Começa a doer e parece não ter motivo, pois eu não vejo onde, não sei o por quê.

Acorda!

Ahhh... é hora de acordar. Que preguiça... Mas é hora de acordar. Abre os olhos, olha pro teto, olha pro lado, vê as horas e... Putz! Tô atrasado! Levanta logo, corre pro banheiro. Toma um banho apressado, escova os dentes, bebe o café frio e vai. Vai logo, vai tarde! Vai porra!
Vai que acabou o sonho, acabou a alegria. Acorda e volta de uma vez. A realidade espera. Tá lá, pronta pra te receber com um quente e dois fervendo. Pronta pra dar na tua cara. Ela tá aqui do outro lado. Aqui onde só tem o duro dia a dia, as caras pálidas, a farsa e a agonia. Onde só tem o encontro forçado, a dor disfarçada, o trabalho atrasado, a música inacabada. Aqui onde está uma merda.
Sabe de uma? Vai não. Vem não.

Põe a mão no peito

Põe a mão no peito, abre a caixinha. Eis que, em meio a tanta teia e poeira, tem um coração. Ele ainda bate, amigo! Esteve esquecido por todo esse tempo, foi mal cuidado, mas ainda bate! Incrível como insiste em bater. Ele quer sentir, meu amigo! Lava tua caixinha, limpa teu coração e deixa ele respirar um ar puro, deixe-o puro.
Não precisa protegê-lo com uma katana ou uma .40, mas não o jogue aos lobos. Apenas leve contigo, carregue com orgulho e sinta-se vivo. Cuida bem dele. Cuida bem de você, meu amigo.

Gente Grande diz que ama

Não era eu. Definitivamente não era eu. Tudo é escuridão, espero que saiba, porque é verdade. Tudo aqui perdeu o significado, porque nada se assemelha àquelas coisas que dizíamos um para o outro, àquelas coisas que só a gente sabe. Nada mais é como antes, porque já não existe, já não é, já foi. Acabou. Acabou. Definitivamente acabou. E dói, dói e dói muito, mas o caminho é longo. Agora sinto lama na minha cara, sinto esterco e aquele gosto de depressão perpétua. Eu queria beber, tomar todas, queria esmurrar alguém, queria você. Queria conversa, carro, queria ser outro nem que fosse por alguns instantes. Queria força, queria segurança, queria frieza. Porra! Eu queria ser frio e ter aquele olhar de desprezo.

Tô gritando pra caralho.

Eloquente. Num loop eterno de canalhice, de autopiedade e de degradação. Tô pedindo a Deus explicações. Tô pedindo adeus digno. Tô pedindo saudade boa, com riso na cara, com sentimento distante, mas profundo. Entende? Tô pedindo chance de liberdade sentimental.

Eu queria um alucinógeno nem que fosse pra ver velhas loucas com facas entre os dentes. Nem que fosse para ver cores e silhuetas diferentes. Nem que fosse pra tudo ficar preto. Preto. Preto. Preto. Queria voltar no tempo e perder a visão por uns instantes. Queria não ver. Definitivamente, queria não ver.

É, porra! Caralho! Não é fácil. Não é fácil e a gente sempre soube, não? Sempre soubemos, porque nunca é fácil, nunca nada foi fácil nessa vida. E agora eu já falo lá da frente, porque eu já disse que tô na lama, entendeu? Tô no chão, pisoteado, morto e estropiado. Mas eu levanto. Levanto e não demora. Não demora. É que gente grande não fica no chão muito tempo. Gente grande, principalmente de coração, sempre tem alguém por perto disposto a dar um pedaço do próprio peito se preciso for. Gente grande tem tudo, porque é assim que é. Gente grande chora, mas o consolo vem logo, o horizonte brilha logo... e sacode a poeira, veste roupa nova, diz que vai ser e é. Diz que vai fazer e faz. Diz que vai ver Roma e vai. Diz que vai usar um Chapéu e usa. Pois eu levanto. Não tem poço que me caiba, não tem lamúria que me contenha. A dor me dói de uma forma que só Deus sabe, mas eu levanto. Eu levanto, porra! Pode ferir mais, porque eu aguento. Pode me desgraçar mais, porque eu vou levantar. Pode me matar um milhão de vezes... e eu vou estar de pé ao fim das contas. É foda. É foda. Mas é isto: eu não me entrego nunca.


Texto do meu amigo-irmão José Cairo
Obrigado, meu amigo!!

Por

Pavilhão 7

Hoje corri pra ti encontrar,
saí mais cedo,
me arrumei inteiro,
pra ver o brilho do teu olhar.

Início da noite e lá estava eu,
pavilhão sete, ansioso,
a espera d'um beijo teu

Como de costume nos encontramos,
e olha que estranho, não ficamos,
não é por nada, somos assim,
não gostamos de sentir, imagina assumir?

Então fica assim, tudo subentendido,
onde tudo é nada e nada faz sentido,
onde a noite é uma criança e a lua um ombro amigo.

Jogamos de novo,
damos gelo um no outro,
nos afastamos só pra aumentar a saudade,
e quando estamos perto,
e quando a chama invade,
apagamos o fogo e fugimos pra Marte. 

A verdade é que nunca estamos
de toda forma, pra fugir lutamos
por que você sem mim?
por que sofrer assim?

Carta pra Liz

Hoje lembrei de você, me surpreendendo. Lembrei porque que eu te fiz aquela canção. Faz quase um ano. A gente já não se fala mais. Não como antes. Você conheceu outros amores, se juntou e separou. Eu... bem, eu fugi. Fugi pro trabalho, pra faculdade. Fugi da prisão que você me tirou. Corri o mais rápido que pude. Até que tentaram me acompanhar, mas ninguém acompanhou o meu ritmo. E assim, estive sozinho. Por todo esse tempo, estive sozinho. Até mesmo quando estive acompanhado. É que eu ainda lembrava de você.

Nos conhecemos por obra do acaso. Acho incrível a forma como tudo aconteceu. Imagina se eu vou buscar as minhas coisas 10 segundos depois? Nem teríamos nos conhecido! É mesmo impressionante não? Talvez por isso tenha sido tão intenso. Naquela noite, você me fez perceber quem sou. E tudo começou ali, quando te vi chorar ao ouvir a minha voz. Vi que com você seria diferente, como já estava sendo. Fomos separados na primeira noite, mas parecia que estávamos juntos. Dava pra sentir tua pele, teu cheiro. Dava pra ouvir teus pensamentos.

Passamos dias assim. Então te conheci. Por trás do sorriso suave e dos olhos de mel se escondiam lágrimas, uma dor imensa e muitos medos. Quis ser mais que humano, poder sarar todas as tuas feridas de uma vez, tirar teus medos, enxugar tuas lágrimas. Te levei à praia. As estrelas e a lua reservaram aquela noite especial para nos iluminar. Foi lindo! Pena não ter sido o bastante. Nosso amor de verão durou tão pouco... Brigamos muito por nada, por medo da felicidade. E assim, o encanto se foi.

Hoje fui surpreendido de novo. Não era você. Foi uma outra mulher. Uma mulher que, assim como você, um dia, precisou de mim. Hoje, preciso dela ao meu lado, assim como aconteceu contigo. Ela me traz luz. A voz dela é música pra mim, o olhar... ah, eu amo aquele olhar! Só de imaginá-la feliz, eu sorrio. E hoje, ela me surpreendeu.

Talvez não saiba o bem que fez pra mim. Talvez não tenha noção do quanto eu aprendi em tão pouco tempo. Eu agradeço a você por isso. Por sua causa voltei a escrever, a compor. Hoje não mais escrevo pra ti, mas pra ela. O tempo passou e não posso voltar atrás. O que passou foi bom. O que vier será melhor ainda! Mais um ano se inicia e muitas "surpresas" nos esperam. FeLiz ano novo!

Carta pra Maria

Devia ser novembro. Eu não tenho certeza. Naquela noite vazia, tudo que eu sentia era frio, era dor. Lutei com toda minha força, lutei contra a minha alma para ir à faculdade. Lutei pra não demonstrar fraqueza, mas eu estava fraco, derrotado. Eu estava no chão e o pior: estava só. Não encontrei uma mão estendida, não recebi um olhar solidário, nem ouvi uma palavra de conforto. É foda, mas tudo naquela maldita hora era não, não e não. Até você chegar. Até você me ver e, como fez desde sempre, me sacar. Até você me sentir e se sensibilizar comigo. Ninguém mais estava ali pra me ajudar, pra me ver. Só você. E aquilo me marcou. Passei a te ver com outros olhos.

Quis me aproximar mais, quis conhecer mais daquela menina encantadora. E assim foi. Passamos cada vez mais tempo juntos. E, de alguma forma, é como se a gente já conhecesse um ao outro. De outras vidas, dos sonhos, de algum lugar, de algum jeito, a gente já se conhecia. Meus deja vu tão frequentes contigo, a sensação de estar no meu lar, quando ao seu lado, o carinho que senti por ti, desde tão cedo, me faziam ter certeza disso. Talvez por isso tudo tenha sido tão rápido, tão intenso. Talvez o "eu e você", talvez o "nós" não tenham acontecido por acaso. Talvez seja mesmo coisa do destino. É que a vida nos apresentou em momentos tão conturbados, né? E nós, mesmo que sem querer, nos demos paz.

Você me trouxe paz. Me trouxe a alegria de ser menino de novo. Dizem que "pra entender o erê tem que tá moleque", né? Pois eu tenho entendido o erê. Tenho me sentido assim, sabe? Como um menino, como um garoto. É que sou só um garoto ao teu lado. E já tinha tanto tempo que eu não me sentia assim... Você me proporciona isso. Me faz sentir aquele frio na barriga antes de te encontrar, as mãos suadas, aquele frenesi de "é a primeira vez". Me faz ficar ansioso pelo fim dos fins de semana, pois neles, não posso te ver, te tocar, te sentir aqui no meu peito, aqui no lugar que foi feito sob medida e reservado pra ti.

Tens o dom de me fazer mais feliz, de me fazer bem. Sinto alegria só em te ver sorrir. Me encanta aquele teu sorriso meio tímido e com os olhinhos apertados. Me encanta ver-te encantada. Gosto do jeito que me olha, do modo como fica quando estou por perto, quando te abraço e mexo em teus cabelos. Gosto de te ver se divertindo com a minha barba, de sentir tua pele arrepiada, gosto do gosto do teu beijo. Gosto até quando fica irritada comigo, quando quer a minha atenção e faz bico com carinha emburrada(tão linda...).

Gosto muito de você. Às vezes não sou o mais atencioso ou educado. Às vezes sou doido, às vezes viajo em mil mudos e mundos, mas saiba que volto, e é pra ti. É ao seu lado que quero estar. Pode me encher, pode ser insegura, indecisa, pode ser o que quiser, não tem problema. Gosto de você assim, do seu jeito. Gosto de nós dois assim, desse nosso jeito todo especial. Lembra que, se contigo está tudo bem, fico em paz.

Que seja agridoce!
S2