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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Desbravador do meu mundo

Às vezes queria ser mais simples. Pensar em coisas simples, agir, falar de forma simples, até atingir um nível banal. Mas comigo é um pouco diferente. O simples é ressignificado, dissecado, transformado. E um simples assunto se transforma em ideias, histórias, memórias. E assim, sem querer, sou tomado por uma sensação estranha, um mistão de saudade do que passou e desejo de voltar pra reviver o que foi bom, como para aprender com o que foi ruim e se preparar para o que vem. Afinal, o que vem não é nada além do que já foi um dia. Ontem quis descrever esta sensação. Faltaram palavras. Hoje, com a ajuda do "Tio Google", cheguei mais perto.Eu sentia nostalgia.Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada, e às vezes irreal, por momentos vividos no passado associada com um desejo sentimental de regresso impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais. A palavra vem do grego νόστος (nóstos - "reencontro") e ἄλγος (álgos - "dor, sofrimento"). Achei massa o conceito do Wikipedia. Se é o real sentido da palavra eu não sei, mas, de certa forma, se adequa a mim e é o que importa agora. Estava me lembrando de tempos bons, quando eu tinha mais fé, quando eu tinha mais amor, quando eu fazia algo que não só por mim. Esse tempo se foi e levou parte do humano que havia em mim. Hoje olho no espelho e vejo um mundo doente. Mas estou anestesiado. A ferida latente não dói tanto quanto outrora. E então, uma profunda tristeza toma conta. Toma conta, porque eu faço parte disso, a morfina está em mim também. Todos os dias fecho os olhos para o desgraçado bem ao meu lado. Ele quer ser ouvido, ele quer me ouvir. Quer um abraço, um pão, um livro, quer vida. Não é difícil dar um pouco de vida a alguém. Então porque porra não damos?Lembro de 2009. Vejo um jovem sonhador levando um pouco de vida a Chã Preta, um lugarzinho no fim do mundo onde as pessoas penam pra sobreviver. Esse jovem vai, em cada casa de taipa, levar um pouco de vida, um pouco de esperança. E eis que, no meio de um chão desértico, batido e desgraçado pelo Sol iminente, este jovem encontra uma linda flor. Ele fotografa aquele ponto de esperança. Até hoje não sei como ela conseguiu nascer ali, mas essa esperança, foi o motivo do nascimento deste blog e por isso, escolhi aquela foto pra ser a capa do Mil Mudos. Hoje me pergunto: onde está aquele jovem? Tenho saudade dele. O que ele faria hoje? Tenho buscado alternativas para resgatar este menino. Ele tem algo a me ensinar. Algo que eu preciso reaprender pra não esquecer mais. Vou encontrá-lo de novo. Em qualquer esquina, a qualquer hora. Vou desbravá-lo em mim.

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