Translate

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Carta para a Duna

     Me intrigam suas formas e facetas que se repetem, mas, ao mesmo tempo, se inovam. Não canso de admirar tamanha beleza. Apesar de ser tão simples e clara, consegue esconder mistérios e surpreender a todo momento. Tem um destino, mas é incerto. Faz a mesma coisa, mas, toda vez, é diferente. Escorre pelas minhas mãos e quando a sinto tão perto, ela se desfaz.
     Essa loucura me encanta. Sua serenidade, seu silêncio, me intrigam. A mais tensa calma que já vi, pois logo, tudo muda de novo e eu... bem, eu vou ao chão. Ao chão por querer mais, por me perder em você. Mas o faço sem arrependimento. Quero mergulhar no teu mar, navegar em teus rios, beber de ti. Tolo... era apenas uma ilusão. Como hei de achar algo em ti?
     Tu és macia e me afaga a pele. Suave, percorre em mim e se esvai. Ninguém pode te segurar. Você apenas segue e deixa o vento levar. Quem resolve habitar em ti, pode morrer de sede. Tem que ser esperto pra encontrar sua fonte; pode se perder no caminho, pois desconhece o quão infinita és; pode se ferir, se iludir com os mares e abraçar espinhos ou pode encontrar sua essência e deliciar-se na fonte. Para isso, tem que buscar a tempestade.
    É o que procuro. Quero descobrir a tempestade em ti. Sou incansável e tenho fé. Inabalável vontade de chegar, desviar dos espinhos sem se deixar iludir e, enfim, te encontrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dois ouvidos, uma boca.