Era pra ser mais uma noite inteirinha com ela, uma puta prova de fogo. Sabe como é, ela tem aquele jeitão moleca, solta, abraçada com os mais intensos prazeres sexuais. É do tipo de mulher que, ao responder um questionário que perguntava "Estado?", ela respondia "excitada", de bate-pronto. Santa Manu... Ela mexe comigo e sempre soube disso, então, me provocava. Foi o que ela fez desde que entrei na sala, atordoado, a procura do meu grupo de trabalho. Manu não me largou nem por um instante, mesmo eu fazendo de tudo para rejeitar sua presença e suas investidas. Desviei o olhar, mas não podia fugir dali, da presença dela. Era minha missão e fardo da noite: dividir cada metro quadrado daquele maldito espaço com ela. Joguei verdades e mentiras, fiz oração, contei carneirinhos, usei minhas armas e trabalhei com afinco na minha defesa. Problema é que ela conhecia cada passo que eu podia dar, sabia meus pontos fracos, cada um deles. Fui facilmente desarmado.
Em poucas horas já tínhamos feito de tudo: bebemos até cair, conhecemos gente nova, demos beijo triplo, salvamos uns gatinhos, pedimos carona na Joana Angélica, tentamos suicídio, fizemos juras de amor, sequestramos a nossa razão. Enfim em casa. Agora, estávamos nós dois, nus, trepando a céu aberto, enchendo os olhares dos curiosos de tesão e inveja. Percorri minha boca na nuca dela, beijei aqueles lindos e fartos seios,experimentei cada dose de prazer que dela podia gozar. Ela me mordia como que fazendo uma tatuagem, demarcando um território que sempre foi dela. Ela meneou com a cabeça enquanto se contorcia de prazer. Gozamos até o amanhecer. Amanheci com a minha linda Oyá, com a mãe do entardecer. Não pudemos passar desta manhã. E, logo cedo, numa manobra mística, ela se foi com o vento. Minha Manu, minha deusa Oyá, partiu como uma tempestade, destruindo a tudo que estava pelo caminho. Levou meu "eu te amo" para o abraço de outro. Me deixou só com meus lençóis, com aquele cheirinho de saudade, aquele resto de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dois ouvidos, uma boca.