Translate

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Adeus, mundo velho!

     Desculpa, não dá, não consigo mais. Não consigo mais você. Não quero. De verdade, não quero. Olho pra ti e não sinto nada. Nem amor, ódio, carinho, vontade, desejo, tesão. Não desespere, você não é a única. Olho pra ela e também não sinto nada. Sou um escroto de te dizer isso agora, mas era preciso. Eu estou vazio, não sinto mais nada por ninguém. É que tudo isso perdeu o encanto, perdeu a cor. As coisas parecem tão iguais, tão ridiculamente rotineiras, banais. Toda essa mesmice me dá náuseas, me dá urticárias. Nada nem ninguém me faz sentir outra coisa além dessa repulsa.

     Mas não se culpe. Sério, a culpa realmente não é sua. Sou eu que enjoei dessa vida, desse mundo. Os alucinógenos já não fazem mais efeito. Não consigo disfarçar o meu desinteresse, não consigo me estimular. E eu desaprendi a arte de ser Capitu, desaprendi a arte de ser Bentinho. Desaprendi  a ser falso, a atuar, a dissimular um pouco de vida. Também não sei mais o que é cobrar, ter ciúme, sentir falta, o que é querer.

Eu simplesmente não consigo me importar. Não ligo pra mais porra nenhuma. Não dou a mínima pro bêbado, pro mendigo, pro pobre, pro rico, pro soberbo, pro humilde, pro ladrão, pro assassino, pro político, pro trânsito e, acredite, não ligo pra você. Não mais. Caralho, nada mais me liga a isso aqui. E eu não sei como deixei isso acontecer, mas aconteceu... por isso estou indo embora. Se é pra uma melhor não importa, sou indiferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dois ouvidos, uma boca.