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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Tudo o que você quiser

Camisa de manga longa, jeans, tênis pomposos, meias grossas, algumas doses de licor e o calor de uma morena. É o clima de Junho tomando conta. Uso as minhas proteções, não estou acostumado ao frio de Ibicuí. Na verdade, pra um soteropolitano cabra da peste, qualquer temperatura abaixo dos 20°C é sempre um gelo, não importa se é em Vitória da Conquista, Gramado ou Sampa. E, putz, aqui faz um frio do cacete! As mãos tremem, a boca resseca, o corpo se retrai. Não há casaco ou chocolate quente que resolvam esse frio dos infernos (vai por mim, o inferno é gelado). A verdade é que, aqui, só tenho paz quando estou com Juliana, quando a tenho comigo dançando um xote na ponta dos pés. É que a minha Juba tem esse dom de me fazer suar, pegar fogo só no olhar. Com ela, esqueço o frio, meu corpo se torna pavio curto, meu coração explode em sorrisos, encanto e paixão.
Pena é que não posso ter a Ju agora. Pena é a distância, a saudade, é saber que não terei muito da minha linda nas noites frias de Junho. Estamos destinados ao desencontro, a navegar em outros barcos. Estamos passeando entre mentiras e verdades vazias de sentimento, percorrendo ruas distintas, tentando matar essa infinita carência de nós. -Outra dose de licor, por favor.-, quem sabe se embebedar, trepar no banco de trás, abraçar uma boneca inflável, qualquer coisa. É difícil, mas a gente vai tentando nossas morfinas, passando os dias do jeito que dá, e, Deus ajude que dê, que Julho chegue no próximo amanhecer. Que chegue pra festa voltar, pra guerra ter fim e a paz reinar, pro dia nascer feliz. Vou tentar me conter, disfarçar, pensar nos protestos contra a copa e nos gols do Neymar. Só que não pensar na Ju é quase impossível, sabe?, é que... eu não penso nela durante o dia, eu penso no dia durante ela. E eu trocaria tudo pra tê-la aqui e agora.

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